Encontramos este maravilhoso
campo de Rosas Damascenas num monte perto de Évora, com uma história curiosa:
uma amiga dos donos do monte, tinha uma exploração de ervas aromáticas no
Algarve, onde também destilava. Por qualquer razão teve que deixar o terreno
que ocupava, e enquanto não encontrava outro, pediu aos dono do monte se podia
lá deixar umas mudas. Chega o camião refrigerado, as mudas são plantadas, a
rapariga vai a Alemanha, seu país natal, prometendo voltar em 6 meses já com um
terreno desta vez no Alentejo e levar as suas preciosas plantas. Quando lhes
fui apresentada, já ali estavam há mais de dez anos: as rosas, uma moita de
madressilva e um caixote do mais puro “perlargonium
graveolens” que era o que me levava lá. Olho para as rosas e fico curiosa: que rosas seriam essas que tanto valiam para
uma perfumista? Ponho-me a pesquisar e descubro que são nada mais nada
menos que as famosas Rosas Búlgaras ou Rosa Damascena. Apanhei-as no ano
passado já no fim da floração. Este ano o campo tinha duplicado.
Na primeira colheita, a
destilação desiludiu-me um pouco. Ao contrário da Rosa de Stª Teresinha o aroma
perdia-se. Pesquisei, li, perguntei e apercebi-me que a destilação da rosa
damascena se faz tradicionalmente por um processo de coobação, isto é, a água
floral é destilada duas vezes para que o etanol do óleo essencial se liberte.
Ou seja, na primeira destilação, o óleo essencial não está completo. Apesar de o
OE não ser o nosso objectivo, aliás impossível de obter mesmo que quiséssemos, resolvi
experimentar esta segunda destilação e a verdade é que o aroma melhora muito,
ao contrário das rosas de Stª Teresinha que perdem aroma na segunda destilação.
Também ajudou com certeza, termos apanhado as rosas de madrugada, arriscando a
levar um pouco de orvalho. E ainda deixar as pétalas até estarem meio-murchas.
O amor e entusiasmo, a
disponibilidade dos vários intervenientes também ajudou e cá está, uma produção
muito limitada, mas de que nos orgulhamos muito. Tanto quanto sabemos, somos os
únicos em Portugal a produzir esta maravilha, que foi tão usada
tradicionalmente e que voltou a estar na moda.
Algumas curiosidades:
- Os
ditados populares fazem-lhe jus: "E o rabinho lavado com água das rosas, não?" ou ainda “Banhar-se em água de rosas”,
exprimindo um grande deleite em qualquer coisa.
- Quando
comprarem uma água de rosas leiam com cuidado a etiqueta. Na maioria das vezes,
não se trata de água de rosas, mas sim de Água com essência de rosas sintética. A mais conhecida em
Portugal, à venda por 1,20€, tem a seguinte formula Água, sodium propilparaben,
parfum (essência de rosas). Para ser uma água de rosas pura deve dizer “Hidrolato
de Rosas” ou “obtido por destilação”.
A nossa água de
Rosa é produzida através da hidrodestilação das pétalas de flores da Rosa Damascena.
É pura, não diluída, e pode-se usar na comida.
Propriedades:
A nível físico é muito eficaz contra o
acne, rosácea, manchas, feridas cutâneas e as rugas de expressão. Contem um
alto teor de vitaminas e antioxidantes, responsáveis das propriedades
regeneradoras, anti-sépticas (taninos, de acção adstringente), relaxantes,
descongestionante e anti-inflamatória e não apresenta contra-indicações
A nível
emocional é relaxante, calmante, estimulante, anti insónia, ajuda a concentração,
incrementa a memoria em estudantes, influi favoravelmente sobre o estado de animo,
quadros depressivos e de stress.
Aplicação e
Uso: calmante e anti-inflamatório. Tem um efeito purificante, suavizante e
hidratante. Na pele, tonifica-a, refresca-a e hidrata-a.
Modo de emprego:
Aplicar a água
de rosas directamente sobre a pele usando um vaporizador, disco ou tecido de
algodão e deixar secar.
No banho, após
o duche para tonificar. Diluída numa água pura para refrescar durante os dias
veranis de grande calor.
Na roupa,
antes de guardar ou antes de vestir.
Vaporizar no
ambiente ou pôr num ambientador eléctrico